O corpo da investigadora aposentada da Polícia Civil Célia Ricardo foi sepultado sob forte comoção na manhã desta terça-feira (15) no Cemitério São João Batista, em Santo Antônio da Platina/PR. Celinha, como era carinhosamente chamada por todos, lutou incansavelmente contra a Covid-19 durante 18 dias, mas não resistiu às complicações da doença e faleceu na madrugada desta terça-feira no Hospital Regional do Norte Pioneiro.
Educação, carinho, humildade e humanidade são alguns dos adjetivos que resumem a pessoa de Célia Ricardo, querida por todos, sem exceção, de colegas da polícia, parentes e amigos, à população carcerária.
Célia já havia se aposentado, mas a Polícia Civil era a sua paixão e a 38ª Delegacia Regional de Polícia a sua segunda casa. Era aquela pessoa que sabia como resolver situações complexas com simplicidade, por meio do diálogo. Foi assim que conquistou a admiração de pessoas que se quer a conheciam.
Na época em que cadeia de Santo Antônio da Platina funcionava de forma compartilhada com a 38ª Delegacia Regional de Polícia, Dona Célia, como era respeitosamente chamada pelos presos, por diversas vezes participou das negociações pelo fim de motins e rebeliões, em algumas situações com reféns. O jeito peculiar da investigadora com os detentos sempre foi determinante para o fim às crises na unidade carcerária.
O titular da 38ª DRP, Rafael Guimarães, em uma publicação nas redes sociais definiu em poucas palavras Célia Ricardo: “Era a alma da delegacia”.
No texto, o delegado fala sobre os últimos contatos que teve com a investigadora e se despede da colega. “Nos últimos dias, quando estava internada, ela continuava a mandar mensagens perguntado como eu estava e preocupada com o trabalho. Essa era a Celinha que todos conhecíamos, que transforma a dor e problemas em carinho e solução. Fica um imenso vazio e enorme gratidão por você, Celinha, que me ensinou a ser um delegado, uma pessoa mais humana. O sentimento de tristeza é preenchido com as memórias do bem que você fazia por onde passava. Vá com Deus, e que você encontre o seu merecido descanso”, publicou Rafael Guimarães.
O ex-titular da 38ª DRP, Tristão Antônio Borborema de Carvalho, que atualmente reponde pela Delegacia de Ribeirão do Pinhal, também prestou homenagem à investigadora.
“Durante minha trajetória como Delegado, há pouco mais de 20 anos, tive a satisfação de aprender e conviver com dedicados profissionais. Todavia, a Célia notabilizou-se pela paixão, entusiasmo e comprometimento com que encarava suas atividades. Testifico seu esforço, não raras vezes, a desoras. Mas, certamente, o que mais impactava era o calor humano que desenhava a cada gesto. Seu coração nunca coube no peito. Nutria admiração não somente de seus pares e o respeito até mesmo de criminosos, porque conheciam a sua grandeza e dignidade. Sempre se pautou pela ética e humanidade. A Célia tinha o eflúvio maternal. Recebeu-me nos cinco anos devotados a Santo Antônio da Platina como uma genitora. Devo muito a ela, sobretudo pelo que me ensinou. Difícil descrever em breves palavras a profundidade dos meus sentimentos. Ela tinha o toque de Midas. Suavizava com ternura e tato problemas complexos. Encantava. Célia, hoje, é nosso anjo”, escreveu o Tristão de Carvalho.
Há poucos dias, em menos de uma semana, Célia Ricardo perdeu um irmão e o pai para a Covid-19. Ela deixa o marido Sidnei Ferreira e o filho Fernando Ricardo Ferreira.
Fonte: Luiz Guilherme Bannwart